sábado, 20 de julho de 2013

REDAÇÃO: Fábula, Parábola e Apólogo



Fábula, Parábola e Apólogo
Esses três tipos de texto são frequentemente confundidos devido às grandes semelhanças que possuem, mas podemos diferenciá-los também através de algumas características. Vejamos alguns conceitos:
Fábula: texto literário muito comum na literatura infantil. Fabular = criar, inventar, mentir. A linguagem utilizada é simples e tem como diferencial o uso de personagens animais com características humanas. Durante a fábula é feita uma analogia entre a realidade humana e a situação vivida pelas personagens, com o objetivo de ensinar algo ou provar alguma verdade estabelecida (lição moral).
- Utiliza personagens animais com características, personalidade e comportamento semelhantes aos dos seres humanos.
- O fato narrado é algo fantástico, não corriqueiro ou inusitado.
Parábola: deriva do grego parabole (narrativa curta). É uma narração alegórica que se utiliza de situações e pessoas para comparar a ficção com a realidade e através dessa comparação transmitir uma lição de sabedoria (a moral da história).
- A parábola transmite uma lição ética através de uma prosa metafórica, de uma linguagem simbólica.
- Diferencia-se da fábula e do Apólogo por ser protagonizada por seres humanos.
- Gênero muito comum na Bíblia: As parábolas de Jesus.
Apólogo: Gênero alegórico  que ilustra um ensinamento de vida através de situações semelhantes às reais, envolvendo pessoas, objetos ou animais, seres animados ou inanimados.
- Os apólogos têm o objetivo de atingir os conceitos humanos de forma que os modifique e reforme, levando-os a agir de maneira diferente. Os exemplos são utilizados para ajudar a modificar conceitos e comportamentos humanos, de ordem moral e social.
- Diferencia-se da fábula por se concentrar mais em situações reais, enquanto a fábula dá preferência a situações fantásticas, e também pelo fato de a fábula se utilizar de animais como personagens.
- Diferencia-se da parábola, pois esta trata de questões religiosas e lições éticas, enquanto o apólogo fala de qualquer tipo de lição de vida, mesmo que esta não seja a que é adotada pela maioria como a maneira correta de agir.
OBS:
Hegel considera-a uma forma de parábola: “Pode-se considerar o apólogo como uma parábola que não utiliza apenas, e a título de analogia, um caso particular a fim de tornar perceptível uma significação geral de tal modo que ela fica realmente contida no caso particular que, no entanto, só é narrado a título de exemplo especial.” (Estética, II, 2c, Guimarães Editores, Lisboa, 1993, p.223).

EXEMPLOS:

1.      Uma pequena fábula:
Os Viajantes e o Urso
Um dia dois viajantes deram de cara com um urso. O primeiro se salvou escalando uma árvore, mas o outro, sabendo que não ia conseguir vencer sozinho o urso, se jogou no chão e fingiu de morto. O urso se aproximou dele e começou a cheirar sua orelha, mas, convencido de que estava morto, foi embora. O amigo começou a descer da árvore e perguntou:
_O que o urso estava cochichando em seu ouvido?
_Ora, ele só me disse para pensar duas vezes antes de sair por aí viajando com gente que abandona os amigos na hora do perigo.

Moral da história: A desgraça põe à prova a sinceridade e a amizade.
                                                                                                (Esopo)


2.      Uma Pequena Parábola:

O exemplo do tigre

Uma história sobre a comodidade e o conformismo

Um homem vinha caminhando pela floresta, quando viu uma raposa que perdera as pernas. Perguntou-se como ela faria para sobreviver. Viu, então, um tigre aproximando-se com um animal abatido na boca. O tigre saciou a própria fome e deixou o resto da presa para a raposa.
No dia seguinte, o tigre alimentou a raposa novamente. O homem maravilhou-se com a grandiosidade de Deus, que usava o tigre para ajudar outro animal. Disse a si mesmo: “Também eu irei me recolher em um canto, com plena confiança em Deus. E ele há de prover tudo de que eu precisar.”
Assim fez. Mas, durante muitos dias, nada aconteceu. Estava já quase às portas da morte, quando ouviu uma voz:
- Ó, tu que estás no caminho do erro, abre os olhos para a verdade! Segue o exemplo do tigre e pára de imitar a raposa aleijada.

Parábola extraída do livro AS MAIS BELAS PARÁBOLAS DE TODOS OS TEMPOS - Volume 2, Alexandre Rangel, Editora Leitura.


3.      Um Pequeno Apólogo:
Os Fósforos

Uma caixa de fósforos recém comprada foi usada pela primeira vez. Quando foi aberta, a luz cobriu todos os palitos que dentro dela estavam quietos e encostados, uns nos outros. Um palito saiu e não mais retornou e a caixa foi fechada novamente. Foi quando ela ouviu o seguinte diálogo:
- Você viu isso, ele não teve nem tempo de se despedir.
- É assim mesmo, nós vamos, queimamos e não mais retornamos.
- É uma vida curta demais!
- O que você prefere ? Ficar aqui dentro da caixa, no escuro ?
- Prefiro! Do que queimar tão rápido ? Prefiro. Do que ter minha cabeça riscada? Prefiro! Imagine a dor! Deus que me livre!
O diálogo se encerrou, parecia que os outros fósforos não se sentiram encorajados em continuar a conversa com aquele palito, talvez louco, talvez revolucionário.
A caixa porém observou, cada vez que ela era aberta e a menor porção de luz adentrava, ele se espremia bem no fundo da caixa, deixando todos os outros palitos em cima. Assim ele foi, vendo palito por palito sendo riscado até que só sobravam ele e mais outros dois palitos. Ele percebeu que não havia mais como se esconder, mesmo que se espremesse no canto da caixa. Passou o resto da vida aterrorizado, esperando a luz entrar e torcendo que tivesse sorte, de não ser escolhido jamais.
Um dia a caixa se abriu, ele tentou se encolher o melhor que podia, mas uma mão simplesmente virou a caixa deixando cair ele e os outros dois palitos na palma de uma mão. A caixa foi jogada de lado no chão, meio aberta, e da mão ele ficou olhando, ansioso, o seu antigo refúgio. Havia um certo alívio, sem a caixa, ele não poderia ser riscado. Quando tal alívio surgiu na mente ele viu um dos palitos ser partido em três. E viu o palito do lado sofrer o mesmo. Até que chegou a vez dele e ele foi partido em três.
E então três homens sentaram em uma mesa de um bar e colocando as mãos para trás começaram a jogar porrinha. Aos poucos os pedaços de palitos foram sendo jogados no chão, até que o pedaço com a cabeça do pobre palito, caiu perto da caixa.
Quebrado, jogado de lado, seu estado era lamentável. Tanto quanto dos outros dois palitos e mais um diálogo ouviu a caixa: 
- E agora ? Satisfeito ?
- Fugiu, fugiu de ser riscado, de ser queimado, para agora estar aí, jogado e quebrado.
- Que triste fim! Quisera eu ter sido queimado, ter sido o primeiro, ter vivido bem menos mas ao menos ter sido queimado.
- O que você tem a dizer agora, hein ?
 A caixa viu  que o palito não mais respondia, até que os dois também se calaram. Era o fim de todos eles, mas ela ainda foi capaz de dizer:
- Ao menos não fui tola, não evitei viver com medo do fim, pois de que adianta? O fim chega para todos; é melhor recebê-lo tento vivido o melhor que podemos do que não ter vivido de forma alguma, tremendo de medo.
João Camilo Campos de Oliveira Torres

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